sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A tão desejada vacina

A covid-19 chegou em março a Portugal, e para atrapalhar e atrasar as nossas vidas. Mal sabia eu (e todos) que o teste de físico-química, na AC3, ia ser a última coisa que ia fazer em meses, longos meses, para ser sincera. A partir daí foram meses de confinamento, aulas online, dias deprimentes e com muita vontade de regressar à escola. Hoje, 6 meses depois, voltámos à escola. Mas agora com as máscaras, e tudo o que desejamos, é tirá-las e que haja uma vacina para podermos voltar à normalidade. Uma vacina, teoricamente, é "uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença particular", mas também é a nossa desejada prenda de Natal.

Para que haja uma vacina segura e eficaz é preciso passar por três fases. A primeira é a produção da vacina em si; a segunda é a injeção num pequeno grupo de voluntários, e se tudo correr como desejado, a terceira é a administração em milhares de pessoas. Se não se verificarem quaisquer efeitos colaterais, então, aí e depois de ser aprovada, começa a injeção massiva.

Para uma vacina ser comprovada como eficaz e segura demora-se em média 10 anos até à vacinação da população. Então isso quer dizer, perguntam vocês, que em 2031 vamos poder ir todos para a praia, aos molhos, sem máscara e sem cumprir o distanciamento social, tal como fizemos no ano passado?

Talvez até mais cedo. Na realidade aponta-se o início da vacinação ainda do decurso deste ano! Mas, não se entusiasmem! Passo a explicar porquê. Tal como referi uma vacina demora uma década para estar finalizada. A vacina mais rápida a ser produzida foi a da Ébola em 2019 e, ainda assim, demorou 4 anos até ser distribuída em massa. A vacina para a Covid -19, a menos de um ano do início da sua produção, já se aponta quase como finalizada. Mas como é que isto é possível?

Primeiro, a vacina não está assim tão adiantada como se fala. Apesar de já se encontrar na terceira fase, têm surgido algumas doenças em pessoas que foram vacinadas e podem ser possíveis danos colaterais. Sempre que apareça um suposto dano colateral a vacinação é pausada para pesquisa e testes clínicos. Tenho a acrescentar que muitos danos colaterais aparecem décadas depois da administração de uma vacina. Este é um risco que vamos ter de aceitar, ao ser aprovada uma vacina que nem um ano de pesquisa possui, quanto mais uma década.

Segundo, a produção da vacina foi muito rápida, dado que é um jogo político. É parecido à guerra fria, a América contra a Rússia não para chegar à lua, mas sim para possuir a vacina salvadora do mundo. Na América, Donald Trump deseja a vacina antes do fim de outubro que, por acaso, também coincide com a data das eleições. No nosso pequeno país, à beira mar plantado, deseja-se o mesmo: Marcelo Rebelo de Sousa aponta o início da vacinação, a certos grupos de pessoas, no início de 2021, que, também por acaso, coincide com as eleições presidenciais. Esta corrida à vacina faz com que os países invistam largos biliões de euros e dólares na pesquisa, na compra de bom material e na contratação de bons "cérebros" para que, finalmente, possamos voltar à normalidade.

Para nossa sorte, alguns cientistas já estavam a produzir uma vacina para a SARS, causada pelo vírus SARS CoV, que atingiu a China no início do ano 2000, e que é muito parecido ao SARS CoV-2, o atual vírus causador da Covid-19. Deste modo, a primeira e segunda fase foram muito rápidas, uma vez que já conheciam as bases e o modo de proceder. Agora, já só falta a terceira fase, que é a mais complicada.

Mesmo que a vacina chegue a Portugal em janeiro, não significa que a iremos receber todos. Muito provavelmente será administrada a pessoas que atuam na "linha da frente", como médicos e enfermeiros. Ainda assim, um dia será a nossa vez, mas não sei se irei querer recebê-la. Como sempre ouvi dizer a "pressa é inimiga da perfeição", e como já referi em menos de um ano é impossível conhecerem-se os efeitos colaterais, que se podem vir a manifestar daqui a umas décadas.

   Beatriz Lourenço (11º C)

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