sexta-feira, 26 de abril de 2024

Alunos do 12º ano na inauguração do mural de homenagem a Alberto Martins, em Coimbra

 

Mural de homenagem a Alberto Martins e à Crise Académica de 1969
Foto: Alunos da Status

No dia 17 de abril, os alunos de História A do 12.º ano deslocaram-se a Coimbra, para assistir à inauguração do mural de homenagem a Alberto Martins e à Crise Académica de 1969, na presença do Sr. Presidente da República.
O mural, da autoria dos artistas c’Marie e Egrito foi realizado para comemorar os 55 anos do início da Crise Académica de 1969 e no âmbito das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril. Neste dia, Alberto Martins, então presidente da Associação Académica de Coimbra, pediu a palavra ao chefe de Estado, Américo Thomaz, durante a inauguração do edifício das Matemáticas, num gesto de contestação contra a política do governo. Mas foi impedido de o fazer.
No discurso que proferiu, Alberto Martins relembrou os acontecimentos, inclusivamente a sua suspensão às aulas, juntamente com a de mais sete colegas.
Os alunos realizaram também uma visita às instalações da Associação Académica, guiados por dois membros da sua Direção.
Foi uma tarde enriquecedora, que permitiu aos jovens tentar compreender o que é viver sem liberdade de expressão e, por outro lado, familiarizar-se com um ambiente que provavelmente irão frequentar no próximo ano letivo, quando ingressarem no ensino superior.

Inês Ribeiro, docente de História
Visita às instalações da Associação Académica,
Foto: Alunos da Status

quinta-feira, 25 de abril de 2024

1.º Poetry Slam do Agrupamento de Escolas da Lousã

 

1.º Poetry Slam AEL / Foto: Liliana Brites
No passado dia 20 de março, teve lugar o 1.º Poetry Slam do AEL, atividade do Plano Anual de Atividades. A atividade decorreu online, com a participação de 37 alunos dos 5.º e 6.º anos. Nesta festa da poesia, os alunos tiveram a possibilidade de declamar poemas de autoria própria em Português e Inglês. Foi uma tarde cheia de alegria e poesia. A direção da escola fez-se representar através do Dr.º Carlos Eça, a quem a organização agradece. Um agradecimento especial a todas as professoras que motivaram os seus alunos para esta atividade e em especial à professora Liliana Brites, pela coordenação da parte do Inglês.

Agora é tempo de divulgar os vencedores:

1.º lugar - Bárbara Ferreira - 6.ºC

2.º lugar - Maria Paulo - 5.ºD

3º lugar ex aequo - Ana Carolina Gonçalves - 6.ºF e Leonor Rosa - 5.ºD.

Parabéns aos vencedores! Parabéns a todos os participantes!

Eugénia Pardal, docente de Português, organizadora e responsável pela atividade.


25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Imagem criada por Inteligência Artificial

O último poema, Grândola, vila morena, é uma canção, de José Afonso, que foi escrita em honra da sociedade musical da vila alentejana de Grândola. Foi apresentada, no dia 17 de maio de 1964, precisamente na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, por José Afonso, no espetáculo que aí decorreu. José Afonso inspirou-se nos valores e no espírito comunitário de fraternidade, igualdade e solidariedade da sociedade musical e comunidade daquela vila alentejana. Depois, sete anos mais tarde, em 1971, Grândola, vila morena integrou o disco Cantigas de Maio que o autor gravou, em França, juntamente com José Mário Branco, Francisco Fanhais e Mário Correia (Bóris). Posteriormente, no dia 25 de abril de 1974, foi tocada, às 00h20, no programa Limite, transmitido pela Rádio Renascença, e constituiu a 2ª senha da Revolução do 25 de Abril, indicando que os militares, que já estavam a postos, depois de terem ouvido a 1ª senha, a canção E depois do Adeus, deviam sair dos quartéis e darem início ao movimento revolucionário, marcando, assim, o arranque das operações do MFA, que viria a pôr fim ao regime do Estado Novo e da Ditadura. Esta canção, escrita em honra da vila alentejana de Grândola, escapou à Censura e, para além de um canto coletivo, constitui um hino que ficou e ficará sempre para a história e memória, representando não só a Revolução do 25 de Abril, mas também os valores da Liberdade, da Fraternidade, da Igualdade, da Democracia, para que nunca se esqueça que «O povo é quem mais ordena/Dentro de ti, ó cidade».

Luís Moura, docente de Português

50. Grândola, vila morena

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

José Afonso, 1971

Aqui fica a canção de José Afonso: 

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Imagem criada por Inteligência Artificial

O 50º poema, E depois do Adeus, é uma canção, cuja letra é de José Niza, a música de José Calvário e que foi interpretada por Paulo de Carvalho no Festival RTP da Canção de 1974. Venceu e, por isso, representou Portugal no dia 6 de abril no Festival Eurovisão desse ano, em que ficou em último lugar ex aequo com as canções da Alemanha, Suíça e Noruega.
Depois, foi usada como a 1ª senha da Revolução do 25 de Abril, às 22 horas e 55 minutos, do dia 24 de Abril de 1974, indicando que os militares se deviam aprontar e estar a postos, aguardando a 2ª senha, a canção Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso, para, aí, sim, saírem dos quartéis e darem início à revolução.
A canção E depois do Adeus foi a escolhida como a 1ª senha, pois não era revolucionária, nem tinha qualquer mensagem subversiva ou que pudesse suscitar qualquer suspeita do que estava em curso. O poema exprime uma história de amor que terminou e que, como qualquer amor, trouxe felicidade, paixão, enquanto durou, mas também sofrimento, tristeza, desilusão depois de terminar: «amar/É ganhar/E perder». Por isso, o título «E depois do Adeus» não tem qualquer mensagem política de referência ao fim da ditadura como se possa ser levado a pensar, sendo apenas uma canção de amor, que exprime a desilusão do fim de uma relação amorosa, mas ficou para sempre associada à Revolução do 25 de Abril e ao fim do Regime do Estado Novo, marcando o reunir das tropas que, depois, fizeram essa mudança, há muito esperada, que nos trouxe a Liberdade e a Democracia.

Luís Moura, docente de Português

50. E depois do Adeus

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Música: José Calvário
Letra: José Niza
Intérprete: Paulo de Carvalho

Aqui fica a canção interpretada por Paulo de Carvalho no Festival RTP da Canção de 1974:

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

quarta-feira, 24 de abril de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 49º poema, 25 de abril, de Sophia de Mello Breyner Andresen, como o próprio título indica, celebra a chegada desse dia esperado, que trouxe essa mudança há muito desejada e sonhada, e exprime a sensação de liberdade sentida nesse momento, depois de um longo tempo em que estivemos presos no tempo, na escuridão, na opressão da ditadura. O 25 de Abril representou, na verdade, esse dia «inicial inteiro e limpo» que nos deu a liberdade e a democracia. Podemos, agora, viver sem medos, mas devemos estar conscientes de que é necessário que essa liberdade tem de ser sempre conquistada e construída, para que, de facto, seja uma realidade para todos.

Luís Moura, docente de Português

49. 25 de abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas

terça-feira, 23 de abril de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 48º poema, Os Vampiros, é uma canção, de José Afonso, de 1963, e que pouco depois foi proibida pela censura. De uma forma alegórica apresenta «Os Vampiros» como imagem/símbolo dos poderosos e mais ricos que “chupavam” «o sangue fresco da manada», isto é, exploravam o povo e os mais pobres. Na época, pretendia fazer uma crítica aos governantes associados ao poder instituído da ditadura e do regime salazarista. No entanto, a sua mensagem, nomeadamente o refrão, «Eles comem tudo eles comem tudo/Eles comem tudo e não deixam nada», tornou-se intemporal e aplica-se a todos os que detêm poder político, económico ou outro e se julgam senhores e donos de tudo, aproveitando-se da sua posição privilegiada para explorar os mais pequenos e pobres.

Luís Moura, docente de Português

48. Os Vampiros

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada

Vêm em bandos com pés de veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada [bis]

A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas

São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

José Afonso, 1963

Aqui fica a canção interpretada por José Afonso:

segunda-feira, 22 de abril de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Imagem criada por Inteligência Artificial

O 47º poema, Canto Moço, é uma canção, de José Afonso, que foi feita para ser cantada pelos estudantes universitários que o autor conheceu numa digressão para que foi convidado. Destina-se a ser interpretado como música coral por duzentos figurantes de ambos os sexos e de todas as proveniências e condições. O poema exprime bem o espírito aventureiro dos «filhos da madrugada» que lutam pela liberdade, pela justiça, pela Paz, «À procura da manhã clara». O 25 de Abril trouxe-nos essa «manhã clara», a Liberdade há muito esperada. Sejamos estes «filhos da madrugada» e lutemos sempre por um Portugal democrático, livre, aventureiro, sonhador, mantendo sempre acesa «Lá do cimo duma montanha/uma fogueira», «Para não se apagar a chama/Que dá vida na noite inteira».

Luís Moura, docente de Português

47. Canto Moço

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara

Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha

Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.

José Afonso, in Traz outro amigo também, 1970

Aqui fica a canção interpretada por José Afonso: 

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Alunos do 12º ano na inauguração do mural de homenagem a Alberto Martins, em Coimbra

  Mural de homenagem a Alberto Martins e à Crise Académica de 1969 Foto: Alunos da Status No dia 17 de abril, os alunos de História A do 12....