domingo, 31 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 25º poema, Abril de Sim, Abril de Não, de Manuel Alegre, exprime os sentimentos de um poeta que viveu o antes e depois do 25 de Abril e que sabe o que significa e o que não significa Abril. Saibamos aprender, agora nós, vendo o «Abril já feito», mas pugnando e trabalhando pelo «ainda por fazer».

Luís Moura, docente de Português


25. Abril de Sim, Abril de Não

 

Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
vi o Abril que foi e Abril de agora
eu vi Abril em festa e Abril lamento
Abril como quem ri como quem chora.

Eu vi chorar Abril e Abril partir
vi o Abril de sim e Abril de não
Abril que já não é Abril por vir
e como tudo o mais contradição.

Vi o Abril que ganha e Abril que perde
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser.

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
Abril de Abril despido (Abril que dói)
Abril já feito. E ainda por fazer.
Manuel Alegre

sábado, 30 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 24º poema, A Rapariga do País de Abril, de Manuel Alegre, exprime o que define este país, que é Portugal de Abril.


Luís Moura, docente de Português


24. A Rapariga do País de Abril

 

Habito o sol dentro de ti
descubro a terra aprendo o mar
rio acima rio abaixo vou remando
por esse Tejo aberto no teu corpo.

E sou metade camponês metade marinheiro
apascento meus sonhos iço as velas
sobre o teu corpo que de certo modo
é um país marítimo com árvores no meio.

Tu és meu vinho. Tu és meu pão.
Guitarra e fruta. Melodia.
A mesma melodia destas noites
enlouquecidas pela brisa no País de Abril.

E eu procurava-te nas pontes da tristeza
cantava adivinhando-te cantava
quando o País de Abril se vestia de ti
e eu perguntava atónito quem eras.

Por ti cheguei ao longe aqui tão perto
e vi um chão puro: algarves de ternura.
Quando vieste tudo ficou certo
e achei achando-te o País de Abril.

Manuel Alegre

sexta-feira, 29 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard da Escola Secundária; Foto: Luís Moura

O 23º poema, Cantiga de Abril, de Jorge de Sena, exprime a revolta do poeta por um povo e um país, que vivia há muito subjugado a um regime ditatorial, estando oprimido e sem conhecer «a cor da liberdade». Hoje, 50 anos depois da Revolução do 25 de Abril, vivemos em democracia, mas lutemos sempre para que não tenhamos mais de dizer: «Qual a cor da liberdade?». Na verdade, Portugal deve sempre significar e rimar com Liberdade, pois «a cor da liberdade» é, como diz o poeta, «verde, verde e vermelha».

Luís Moura, docente de Português

23. Cantiga de Abril

Às Forças Armadas e ao povo de Portugal
«Não hei de morrer sem saber qual a cor da liberdade»

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste país,
e conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até à raiz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram sem ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério.
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
 É verde, verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
E verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.
Jorge de Sena

quinta-feira, 28 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 22º poema, Esta gente, de Sophia de Mello Breyner Andresen, dedicado ao Povo Português, foi escrito no tempo em que Portugal vivia, durante a Ditadura, manietado e explorado, impedido de crescer e ser livre, e em que a gente tinha o «rosto desenhado/Por paciência e fome», o que mostra, também, o seu espírito de resistência e de sacrifício. Hoje, passados 50 anos do 25 de Abril, representa uma voz em defesa desse povo, que não quer mais passar fome, miséria, opressão e proclama a liberdade, a justiça… Que nunca mais «Esta gente» se possa sentir assim!

Luís Moura, docente de Português


22. Esta gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate

Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo.

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Geografia

quarta-feira, 27 de março de 2024

Semana da Geografia


 No dia 25 de março (domingo) celebrou-se o dia da Geografia Portuguesa e de forma a "assinalar" a data, envolvendo os alunos na celebração, na semana seguinte realizou-se uma atividade dinâmica e algo diferente, levando o resultado da "experiência" para fora das salas de aula, através da exposição dos trabalhos realizados pelos alunos.
No âmbito da atividade, nas aulas de Geografia, os alunos das turmas dos 7.º e 8.º anos da Escola Secundária, acompanhados pelas Professoras Mª Isabel Santos, Claudicéia Pires e Vera Serrano, fizeram a modelagem em papel, de representações da Terra em diferentes formatos (cubo, tetraedro, octaedro, icosaedro) em "interdisciplinaridade" com a Matemática. 
Desta forma trabalhamos a  visão dos alunos sobre o mundo e desconstruirmos a mesma.
Os alunos envolveram-se plenamente na construção dos modelos, bem como na colocação dos mesmos em exposição no Bloco A, tendo desta forma a atividade sido um sucesso em relação à motivação e concretização, por parte dos alunos.

Isabel Santos, Claudicéia Pires e Vera Serrano, docentes de Geografia
















"Que mulher é esta?"

Foto de Camila Rebelo

Nasceu no dia 3 de fevereiro de 2003. Natural e residente no concelho vizinho de Vila Nova de Poiares, iniciou a adaptação ao meio aquático aos 2 anos de idade, quando a mãe a inscreveu nas Piscinas Municipais da Lousã. Desde aí, nunca mais parou. Fez uma evolução rápida nas categorias de aprendizagem, tendo começado a competir em 2011 como cadete.
Representa a Associação Louzan Natação desde 2011 e a seleção nacional absoluta desde 2016, na modalidade de Natação Pura.
O maior sonho de Camila sempre foi competir nos Jogos Olímpicos, algo que se tornou bastante real quando em 2022, numa competição que teve lugar em Coimbra, fez a marca de 2.11.11, a menos de um segundo do mínimo A para os Jogos Olímpicos. De entre as suas conquistas destacam-se: Vice-Campeã Mundial Universitária em agosto de 2023, 5º lugar nos 200 m costas no Europeu de Piscina Curta, em dezembro de 2023, e 10º lugar nos 100 m costas no Mundial de Longa, em Doha-2024.
Camila divide o seu tempo entre as rotinas exigentes da natação e o 3º ano do curso de Medicina que está a frequentar na Universidade de Coimbra. Mesmo assim, tem acumulado conquistas, sendo a primeira nadadora portuguesa medalhada em competições internacionais, encontrando-se qualificada para os Jogos Olímpicos 2024 na prova de 200 m costas, desde abril de 2023.

Clube Ubuntu

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

 
Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 21º poema, Urgentemente, de Eugénio de Andrade, exprime que é «urgente»: «o amor», «a alegria», «permanecer», «destruir» o «ódio, solidão e crueldade». Podemos acrescentar: a democracia, o respeito pela natureza, a liberdade, a igualdade, a justiça, acabar com as guerras… Estes são valores intemporais e universais, que o 25 de Abril preconizou, e que temos de fazer existir sempre e em todos os lugares.


Luís Moura, docente de Português

 

21. Urgentemente

 

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.

 

É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.

 

É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.

 

Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.

 

Eugénio de Andrade, Até amanhã, 1956

"Que mulher é esta?"

Foto de Catarina Amado

Nasceu no dia 21 de julho de 1999, na Lousã, onde iniciou a sua carreira desportiva no Clube Desportivo Lousanense (CDL). Conhecida pela sua paixão pelo futebol disputou várias competições de Desporto Escolar com o emblema do Agrupamento de Escolas da Lousã.
Desde a época desportiva de 2019/2020 que está ao serviço do Sport Lisboa e Benfica, onde se sagrou campeã nacional. Tem sido uma presença assídua na seleção nacional de futebol feminino, tendo participado no apuramento inédito da equipa das quinas para o Mundial de Futebol feminino.

Clube Ubuntu

terça-feira, 26 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard da Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 20º poema, A Cor da Liberdade, de Jorge de Sena, é de 9 de Dezembro de 1956, quando o poeta acabava de fazer 37 anos e vivia ainda em Lisboa, três anos antes de se exilar. Exprime o seu desejo de não morrer «sem saber/qual a cor da liberdade», mas de «ser livre aqui», em Portugal, na terra onde nasceu. Hoje, não temos necessidade de nos exilar como o poeta, pois somos livres e vivemos em liberdade e democracia. Saibamos ser dignos da «Cor da Liberdade» e lutemos sempre para que não esmoreça ou desapareça!

Luís Moura, docente de Português

 


20. A Cor da Liberdade


Não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,
é quasi um crime viver.
Mas embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.

Jorge de Sena

"Que mulher é esta"?

Foto de Catarina Sobral

Nasceu no dia 21 de novembro de 1985. Veio viver para a Lousã com 5 anos de idade. Por cá, fez o início do seu percurso escolar, desde o infantário até concluir o ensino básico. Depois, estudou Artes na Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra. Na Universidade de Aveiro, licenciou-se em Design, tendo rumado para Lisboa, onde fez o mestrado em Ilustração. Catarina escreve, ilustra, produz espetáculos para a infância e faz cinema de animação. Colabora regularmente como ilustradora para a imprensa periódica, discos e cartazes e assina dezanove livros infantis, já publicados em mais de quinze línguas. Tem participado em várias exposições nacionais e internacionais e o seu trabalho já foi premiado pela Feira do Livro Infantil de Bolonha, Prémio Nacional de Ilustração, Sociedade Portuguesa de Autores e distinguido por publicações como o catálogo White Ravens e a revista 3x3.

Clube Ubuntu

segunda-feira, 25 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária; Foto: Luís Moura

O 19º poema, Ressurgiremos, de Sophia de Mello Breyner Andresen, publicado no Livro sexto, em 1962, exprime a esperança, a crença e o apelo para uma mudança, num tempo em que era necessário ressurgir, «tornar claro o coração do homem». Nós, que vivemos, hoje, depois do 25 de Abril, não podemos deixar que «o coração do homem» esmoreça e escureça, mas permaneça vivo e claro, sob a luz da cultura, da sabedoria, da liberdade, da democracia…


Luís Moura, docente de Português

 

19. Ressurgiremos

Ressurgiremos
Ressurgiremos ainda sob os muros de Cnossos
E em Delphos centro do mundo
Ressurgiremos ainda na dura luz de Creta

Ressurgiremos ali onde as palavras
São o nome das coisas
E onde são claros e vivos os contornos
Na aguda luz de Creta

Ressurgiremos ali onde pedra estrela e tempo
São o reino do homem
Ressurgiremos para olhar para a terra de frente
Na luz limpa de Creta

Pois convém tornar claro o coração do homem
E erguer a negra exactidão da cruz
Na luz branca de Creta

Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 24 de março de 2024

O 9º ano foi ao Porto!

 

            Automóvel presidencial; Foto: alunos do 9ºE
                                                                                                                Automóvel presidencial; Foto: alunos do 9ºE

No passado dia 7 de março eu e a minha turma (9ºE) fomos a uma visita de estudo ao Porto, organizada pelas professoras de português e de história.
A viagem até ao Porto foi divertida, pois fomos no autocarro com o 9ºD e o clima era de boa disposição e de entusiasmo, pois há muito que não fazíamos uma visita de estudo. A acompanhar-nos estavam as professoras de português, de história e os diretores de ambas as turmas. Durante a viagem de autocarro, fomos a ouvir música e a conversar uns com os outros, era grande a ansiedade por chegar ao Porto. Fizemos uma breve paragem, a meio do caminho, para comer qualquer coisa e ir à casa de banho. O tempo não ajudou, chovia muito e a estrada estava perigosa, mas a condutora conduzia com muita precaução e sentíamo-nos seguros.
Assim que chegámos ao Porto, fomos até à zona da Ribeira, já que a nossa primeira visita era no Museu dos Transportes e Comunicações, que fica nessa zona. É uma zona muito típica e visitada por muitos turistas. No Museu tivemos uma visita guiada, onde pudemos observar quase todos os carros que pertenceram aos Presidentes da República, desde os inícios da república e que eram usados nas deslocações oficiais dos Presidentes. De seguida, dirigimo-nos ao andar de cima e lá, tivemos uma oficina prática relacionada com uma data muito importante para o nosso país e cujo cinquentenário está prestes a ser assinalado: o 25 de abril. Fomos divididos em grupos e participámos em várias atividades relacionadas com o 25 de abril e a ditadura em Portugal. Acho que nos saímos bem e que deixámos a professora de História, Filomena Matos, orgulhosa com a nossa prestação. De seguida, almoçámos nos corredores do Museu, pois o tempo não permitia que pudéssemos almoçar no exterior, conforme estava previsto, caso as condições climatéricas fossem favoráveis. Sentámo-nos em grupo e almoçámos ali mesmo, entre gargalhadas e piadas que contávamos uns aos outros. Houve até quem tivesse vista privilegiada para o Douro!
Na parte da tarde fomos ao Teatro Sá da Bandeira onde vimos uma peça de teatro sobre o “Auto da Barca do Inferno”, particularmente a minha parte preferida desta viagem. Aí pudemos assistir às personagens que já conhecíamos das aulas, mas vê-las representadas tornou tudo mais interessante. Os atores eram divertidos e interagiam com o público. A sala estava cheia, pois além das várias turmas de 9º ano da Lousã, havia também outras escolas a assistir à representação. A peça acabou por volta das 16:00 horas e ficámos a aguardar o autocarro que nos havia de conduzir na viagem de regresso.
Durante o percurso de volta à Lousã, fizemos mais uma paragem e tivemos um encontro surpreendente com o qual não contávamos. Na estação de Serviço (Antuã) estava o João Paulo Sousa, que é ator e apresentador do programa Domingão, na SIC. Foi muito simpático com todos os que o abordaram e até acedeu a tirar umas fotos com alguns dos meus colegas. Finalmente, retomámos viagem e regressámos à Lousã, onde alguns de nós tinham os pais à sua espera.

Núria Correia, aluna do 9ºE

No dia 7 de março, todas as turmas do 9º ano do Agrupamento de Escolas da Lousã, participaram numa visita de estudo ao Porto, organizada pela professora de Português, Rosa Lagoas, e pela professora de História, Filomena Matos. Partimos da Escola Secundária às 8.30h da manhã, num autocarro de 50 lugares e para minha surpresa, tínhamos uma senhora como nossa motorista, a Dona Sónia. Juntamente com a minha turma (9ºE) estava a turma do 9ºD. Para além das professoras das disciplinas de História e de Português, estavam também os diretores das duas turmas, o Professor José Marques (DT do 9ºD) e a nossa “teacher e class director”, professora Ana Teixeira.
Na parte da manhã visitamos o museu dos transportes, gostei muito de participar nas atividades. Foram-nos colocados dois desafios: descobrir a diferença entre as bandeiras presidenciais, que enfeitam os carros dos presidentes (foi engraçado descobrir que um dado Presidente da República optou em determinada altura, por retirar a cor vermelha da nossa bandeira, pois provocava alguns constrangimentos ter de referir a associação ao sangue e à morte, quando questionado em cerimónias oficiais sobre o significado das cores e dos símbolos da bandeira, particularmente, no caso da cor vermelha); descobrir qual havia sido o carro presidencial que “ foi assistir a um jogo de futebol”, nas mãos de um particular que o adquiriu (posteriormente a estar ao serviço do Presidente da República) e que o resolveu decorar, escrevendo no capot o nome das equipas envolvidas e o resultado desse jogo. A nossa guia, que por sinal era muito simpática e divertida, explicou-nos que o Governo Português resolveu ir à procura do carro e que o conseguiu recuperar, tendo procedido à sua reforma e restauro. No entanto, havia uma foto na exposição onde podíamos observar o estado em que o carro estava quando o encontraram. Só assim conseguimos descobrir de que carro se tratava, pois a reforma foi mesmo bem feita e já nada se notava desse derby que levou o carro presidencial além fronteiras…..
De seguida, já na biblioteca do Museu, pudemos participar em vários desafios relacionados com o período de censura em que o nosso país viveu, antes do 25 de abril. Tratava-se de um desafio prático, em que participei e onde me foi pedido que censurasse uma notícia. Todos os desafios foram completados com sucesso!
Depois do almoço, que decorreu nas instalações do museu, voltámos a entrar no autocarro e dirigimo-nos ao Teatro Sá da Bandeira, onde nos aguardava a representação da peça “Auto da Barca do Inferno”, que estudámos nas aulas de Português, no decorrer do 1º semestre.
Gostei muito da peça, só achei que foi um pouco rápido demais, pensei que fosse mais demorada, durou cerca de uma hora, mas tudo bem, o que interessa é que assisti e gostei.
Depois deste dia incrível, fizemos a viagem de regresso à Lousã que, tal como no percurso de ida, foi igualmente de grande diversão e animação! No dia seguinte, era dia de aulas e lá estávamos nós na escola para mais uma jornada de trabalho. Estávamos todos ainda muito animados e a trocar impressões sobre este dia, que foi tão diferente dos que se passam dentro da Escola, e que nos deixou mais ricos, não só pelas aprendizagens, mas também pelo momento de convívio fora do espaço escolar, entre alunos e também entre alunos e professores.

Madalena Azevedo, aluna do 9ºE

Juntos, a colorir sonhos e a construir castelos


Apresentação do livro solidário; Fotos: Anabela Marques e Magda Soares

Apresentação do livro solidário; Fotos: Anabela Marques e Magda Soares

No dia 20 de março, no âmbito da Semana da Leitura da Lousã, foi apresentado o livro solidário Histórias fora do nosso controlo, de António Sala e Maria da Luz Pedroso, às turmas do 6º ano de escolaridade da EB Nº1.
Esta atividade, levada a cabo pelo projeto PES e pela Rede de Bibliotecas da Lousã em articulação com a “Pedrinhas”, contou com a presença de Ana Brazião, presidente e fundadora desta Cooperativa de Solidariedade Social, e com alguns Pedrinhários voluntários.
As turmas envolvidas tiveram a oportunidade de conhecer este projeto e de ouvir o conto “A miúda mais gira da minha rua…”, que serviu como ponto de partida para a intervenção da psicóloga do SPO Catarina Ribeiro, que levou os alunos a refletirem sobre a forma de lidar com as adversidades da vida e com as próprias emoções em situações difíceis que, muitas vezes, fogem do nosso controlo.
A obra em questão, cujo valor reverte inteiramente para a Pedrinhas, foi também colocada à venda no recinto escolar.
O Projeto PES e a Rede de Bibliotecas da Lousã agradecem à Cooperativa Pedrinhas, por ter acedido ao convite, e a toda a comunidade educativa que apoiou e aderiu a esta iniciativa, contribuindo, assim, para "colorir a vida de pedrinhas preciosas e ajudar a construir mais castelos".

Anabela Marques, coordenadora do PES e Madga Soares, Rede de Bibliotecas da Lousã

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS


Placard da Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

No 18º poema, Chamo-te, de Sophia de Mello Breyner Andresen, o sujeito poético clama e pede que a mudança «venha./E se derrame sobre a Terra/Em primavera» e lhe a «liberdade». Essa primavera veio com a Revolução do 25 de abril e trouxe a Liberdade e a Democracia. No entanto, não podemos esquecer que temos de continuar a agir para que essa primavera nunca termine.

Luís Moura, docente de Português


18. Chamo-te

Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.

Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só dos teus olhares me purifique e acabe.

Há muitas coisas que eu quero ver.

Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.

E que o teu reino antes do tempo venha.
E se derrame sobre a Terra
Em primavera feroz precipitado.

Sophia de Mello Breyner Andresen

"Que mulher é esta?"

Foto de Ana Rute

Nasceu no dia 29 de janeiro de 1998. Lousanense de gema, cedo mostrou gosto pelo desporto, em especial pelo futebol. Iniciou-se nesta modalidade no Clube Desportivo Lousanense (CDL), jogando depois na Associação Desportiva de Poiares (ADP). Participou em inúmeras competições no âmbito do Desporto Escolar representando o Agrupamento de Escolas da Lousã.
Licenciada em Gestão, com pós-graduação em Contabilidade e Finanças é, atualmente, atleta do Sporting Clube de Braga, integrando a seleção nacional feminina de futebol.
Da Lousã para o Mundial de Futebol Feminino, Ana Rute Rodrigues é uma lousanense que ajuda a escrever a história da Seleção Nacional Portuguesa e da Lousã.

Clube Ubuntu

sábado, 23 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard da Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 17º poema, Nevoeiro, o último da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, exprime o desalento, a desilusão do poeta, mas também a esperança na mudança em relação a Portugal. A forma como Portugal é descrito em «Nevoeiro», é um país envolto em indeterminações de natureza política e moral, pois está associado à instabilidade social e política descrita, correspondente aos anos agitados das décadas de 20 e 30 do século XX. Hoje não vivemos, tal como Pessoa, o mesmo período, mas também nos encontramos em tempos marcados pela incerteza, pela indefinição, em que Portugal necessita de uma mudança. É a Hora!/Valete, Frates.».


Luís Moura, docente de Português

 

17. Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Valete, Frates.
Fernando Pessoa, Mensagem

sexta-feira, 22 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 16º poema, Cantata da Paz, de Sophia de Mello Breyner Andresen, foi escrito por Sophia para a vigília pela paz, que decorreu a 31 de dezembro de 1968, na igreja de S. Domingos, em Lisboa. A Cantata da Paz, com música de Francisco Fernandes, foi cantada por Francisco Fanhais e publicada, em 1970, no seu álbum “Canções da Cidade Nova” e, rapidamente, se tornou num dos temas de intervenção que mais se cantaram em Portugal, ficando conhecida pelos primeiros versos, «Vemos, ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar». De facto, hoje, vivemos um período incerto, com tanta guerra. Por isso, «Vemos, ouvimos e lemos/ não podemos ignorar» continua muito atual e deve servir de inspiração para não ficarmos indiferentes ao que se passa à nossa volta.

Luís Moura, docente de Português



16. Cantata da Paz

 

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar

 

Vemos, ouvimos e lemos

Relatórios da fome

O caminho da injustiça

A linguagem do terror

 

A bomba de Hiroshima

Vergonha de nós todos

Reduziu a cinzas

A carne das crianças

 

D'África e Vietname

Sobe a lamentação

Dos povos destruídos

Dos povos destroçados

 

Nada pode apagar

O concerto dos gritos

O nosso tempo é

Pecado organizado.

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

"Que mulher é esta?"

Foto de Sara Almeida

Nasceu no dia 16 de setembro de1983 e fez todo o seu percurso escolar no Agrupamento de Escolas da Lousã. Desde cedo mostrou interesse pelo desporto, tendo participado em inúmeras atividades no âmbito do Desporto Escolar. Licenciou em Ciências do Desporto, ramo de Educação Física e Desporto Escolar na Universidade da Beira Interior (UBI) e conclui o mestrado em Ensino da Educação Física nos ensinos básico e secundário na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com o objetivo de voltar à Lousã e dar o seu contributo à comunidade.
Iniciou o seu percurso profissional como professora de Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) ligadas ao desenvolvimento psicomotor na infância, no Agrupamento de Escolas da Lousã, o que serviu de trampolim à criação da Academia de Motricidade “Hora Bolas” em 2012. Nesta academia é feito estímulo/desenvolvimento motor geral da criança através da psicomotricidade (baby gym) e iniciação à ginástica (Ginástica Para Todos- GPT, sem vertente competitiva).

Clube Ubuntu

quinta-feira, 21 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

 Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 15º poema, Exílio, de Sophia de Mello Breyner Andresen, exprime o sentimento de aprisionamento e desencanto vivido antes do 25 de Abril num Portugal em que não havia Liberdade. Hoje, passados 50 anos, vivemos em Democracia e Liberdade, mas não deixemos que a pátria que temos se perca e que «a luz que nos rodeia» não seja como grades. Lutemos por aquilo que temos e que conquistamos!

Luís Moura, docente de Português

15. Exílio

Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Livro Sexto

quarta-feira, 20 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

 

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 14º poema, Revolução, de Sophia de Mello Breyner Andresen, alude à “Revolução” como um «tempo novo», que constitui o início de uma nova era. Que possamos construir este Portugal novo, moderno, desenvolvido, democrático…

Luís Moura, docente de Português

14. Revolução

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas, 1974

terça-feira, 19 de março de 2024

Comemoração do dia da mulher!

Montagem de fotos realizada pela turma do CPTGEAC3

No Dia da Mulher revivemos a história feminina, procurando o porquê da existência deste dia, reconhecendo não apenas as grandes batalhas travadas por direitos fundamentais, mas também as pequenas vitórias diárias alcançadas por mulheres em todo mundo.
Neste dia celebramos não apenas pessoas conhecidas, mas também aquelas mulheres que, na sua simplicidade e no seu dia a dia, moldaram o curso das nossas vidas.
A turma do CPTGEAC3 aceitou o desafio lançado pela professora Cristina Machado, planeando uma atividade que, por mais simples que fosse, servisse para agradecer às professoras que, com sua determinação e paixão, fizeram a nossa vida académica mais agradável e as assistentes operacionais e técnicas que fazem o espaço escolar num local confortável e acolhedor.
No dia 8 de março de 2024 a turma do CPTGEAC3 resolveu entregar uma flor a algumas dessas mulheres, sendo a ideia o reconhecimento e a manifestação de gratidão, e quão satisfatório foi ver as diferentes emoções manifestadas por estas grandes mulheres.
A todas o nosso muito obrigado!
FELIZ DIA DA MULHER!

Turma do CPTGEAC3

"Que mulher é esta?"

Foto de Joana Ruas

Nasceu no dia 25 de outubro de 1978, em Aveiro, onde estudou até ao 12º ano. Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, esteve sempre ligada às artes. Desde pequena que praticava ballet pela Royal Academy of Dance, tendo frequentado as aulas de piano no Conservatório de Música de Aveiro. Iniciou o seu percurso profissional como Socióloga na Câmara Municipal da Lousã, dinamizando aulas de dança, em regime de voluntariado, numa associação local. Quem diria que daqui iria nascer a Academia de Bailado da Lousã? Uma Academia que serve diversos concelhos dedicando a sua atividade à promoção das artes e do bem-estar físico, desde 2004.
A Academia de Bailado da Lousã é uma referência no panorama cultural da região Centro.

Clube Ubuntu

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 13º poema, Enigma ornitológico, de Nuno Júdice, em homenagem a este poeta, que faleceu esta semana interroga-nos e alerta-nos para a importância e o sentido da Verdade. Hoje, 50 anos depois do 25 de Abril, temos que fazer com que a verdade saia do homem, dos portugueses… Queremos um Portugal de Verdade!

Luís Moura, docente de Português

13. Enigma ornitológico

Um pássaro entrou numa nuvem.
Uma nuvem entrou num pássaro.
«Qual a verdade?», perguntou
o homem. «Está no pássaro? Ou
está numa nuvem?» E enquanto
o homem procurava a resposta,
o pássaro saiu da nuvem, fazendo
com que a verdade saísse do homem.

Nuno Júdice

segunda-feira, 18 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária: Foto: Luís Moura

O 12º poema, As Pessoas Sensíveis, de Sophia de Mello Breyner Andresen, denuncia a hipocrisia, a exploração dos mais ricos e poderosos que passam uma imagem pública que não corresponde, na verdade, ao que realmente são (« Perdoai-lhes Senhor/Porque eles sabem o que fazem»). A igualdade de oportunidades, a justiça no trabalho, a dignidade e o desenvolvimento devem ser para todos.

Luís Moura, docente de Português

12. As Pessoas Sensíveis


As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas

O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra

«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»

Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito

Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem

Sophia de Mello Breyner Andresen

Luta pelo ambiente

Um super herói eu quero ser Para o mundo poder salvar A poluição vai desaparecer E o planeta contente vai ficar Para salvar o mundo Vais ter...