Placard Escola Secundária; Foto: Luís Moura
O 19º poema, Ressurgiremos,
de Sophia de Mello Breyner Andresen, publicado no Livro sexto, em 1962, exprime a esperança, a crença e o apelo para
uma mudança, num tempo em que era necessário ressurgir, «tornar claro o coração
do homem». Nós, que vivemos, hoje, depois do 25 de Abril, não podemos deixar
que «o coração do homem» esmoreça e escureça, mas permaneça vivo e claro, sob a
luz da cultura, da sabedoria, da liberdade, da democracia…
Luís Moura, docente de Português
19. Ressurgiremos
Ressurgiremos
Ressurgiremos ainda sob os muros de Cnossos
E em Delphos centro do mundo
Ressurgiremos ainda na dura luz de Creta
Ressurgiremos ali onde as palavras
São o nome das coisas
E onde são claros e vivos os contornos
Na aguda luz de Creta
Ressurgiremos ali onde pedra estrela e tempo
São o reino do homem
Ressurgiremos para olhar para a terra de frente
Na luz limpa de Creta
Pois convém tornar claro o coração do homem
E erguer a negra exactidão da cruz
Na luz branca de Creta
Sophia de Mello Breyner Andresen
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