Placard Escola Secundária: Foto: Luís Moura
O 12º poema, As
Pessoas Sensíveis, de Sophia de Mello Breyner Andresen, denuncia a
hipocrisia, a exploração dos mais ricos e poderosos que passam uma imagem
pública que não corresponde, na verdade, ao que realmente são (« Perdoai-lhes
Senhor/Porque eles sabem o que fazem»). A igualdade de oportunidades, a justiça
no trabalho, a dignidade e o desenvolvimento devem ser para todos.
Luís Moura, docente de Português
12.
As Pessoas Sensíveis
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
«Ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Assim nos foi imposto
E não:
«Com o suor dos outros ganharás o pão»
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem
Sophia de Mello Breyner Andresen
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