sexta-feira, 22 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura

O 16º poema, Cantata da Paz, de Sophia de Mello Breyner Andresen, foi escrito por Sophia para a vigília pela paz, que decorreu a 31 de dezembro de 1968, na igreja de S. Domingos, em Lisboa. A Cantata da Paz, com música de Francisco Fernandes, foi cantada por Francisco Fanhais e publicada, em 1970, no seu álbum “Canções da Cidade Nova” e, rapidamente, se tornou num dos temas de intervenção que mais se cantaram em Portugal, ficando conhecida pelos primeiros versos, «Vemos, ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar». De facto, hoje, vivemos um período incerto, com tanta guerra. Por isso, «Vemos, ouvimos e lemos/ não podemos ignorar» continua muito atual e deve servir de inspiração para não ficarmos indiferentes ao que se passa à nossa volta.

Luís Moura, docente de Português



16. Cantata da Paz

 

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos

Não podemos ignorar

 

Vemos, ouvimos e lemos

Relatórios da fome

O caminho da injustiça

A linguagem do terror

 

A bomba de Hiroshima

Vergonha de nós todos

Reduziu a cinzas

A carne das crianças

 

D'África e Vietname

Sobe a lamentação

Dos povos destruídos

Dos povos destroçados

 

Nada pode apagar

O concerto dos gritos

O nosso tempo é

Pecado organizado.

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

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