sexta-feira, 8 de abril de 2022

Existências indolentes


Mariana Fé,12ºB

Deambulamos pela vida, vivemos sem regozijo, abandonamos precocemente a jovialidade, a vitalidade e o fervor humanos. Errantes, caminhamos negligentemente pelas estradas lúgubres que a sociedade traçou para nós - e depois apelidamos-lhe de destino. Recheamo-nos de dormência, envolvemo-nos na mais nefasta esfera de letargia, limitamo-nos a flutuar, melancólicos e sorumbáticos - e ainda temos a audácia de chamar a isto viver.
Tanta gente que nos olha e, contudo, tão pouca que nos consegue ver. O que é feito daquele anseio de viver tanto quanto a alma suportasse, o que aconteceu àquele diletantismo fatal que vemos gravado nos heróis românticos dos clássicos encostados ao fundo da prateleira?
Vivemos uma meia vida a nossa vida inteira: comemos, dormimos, trabalhamos. Dizemos que fazemos tudo isto e, no entanto, fazemos isto apenas. Desperdiçamos oportunidades, experiências, vivências, descuramos essa efémera dádiva que nos foi concedida. Sobrepomos a chamada cultura, o conhecimento e o ofício às nossas necessidades humanas intrínsecas, básicas, necessárias ao espírito, necessárias à alma.
Antes roçava-se o capricho, agora mergulha-se no entorpecimento - humanamente mole e ocioso. Já nada entusiasma, já nada dececiona, e apenas se reconhece essa inerte azáfama incessante que teimamos em perpetuar.
As pessoas já não ambicionam a vida, e a vida já não almeja as pessoas. Há quem culpe a sociedade, mas não nos esqueçamos que nós fazemos a sociedade; não sei quanto ao resto, mas eu cá não quero ser culpada pela minha própria infelicidade.
*Imagem: Freepik


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