domingo, 10 de março de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

Placard Escola Secundária; Foto: Luís Moura

O 4º poema, Liberdade, de Fernando Pessoa, evidencia um EU que defende o prazer, a felicidade de ser livre. Também critica os poderosos, deixando uma crítica implícita a Salazar na parte final.

Luís Moura, docente de Português

4. Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa.

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…

Fernando Pessoa

Sem comentários:

Enviar um comentário

PROGRAMA + CONTIGO

Mural EB1 programa +Contigo / Foto: Anabela Marques No corrente ano letivo, o Agrupamento de Escolas da Lousã aderiu, mais uma vez, ao Progr...