Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura
O 35º poema, Menino do bairro negro, de José Afonso, é uma canção, in Baladas de Coimbra, de 1963, que Zeca Afonso compôs. Fala dos meninos pobres e que vivem na miséria. Segundo as palavras do autor, teriam sido os meninos pobres das ilhas do Porto que o inspiraram. Por isso, a negritude aqui significará não a cor negra do menino, mas a sua situação de pobreza e exploração. O 25 de Abril trouxe uma nova era para Portugal, a liberdade, a luz que todos ansiavam, preconizando a concretização de três grandes objetivos: Descolonizar, Democratizar e Desenvolver. A Descolonização e a Democracia foram cumpridas, quanto ao desenvolvimento, o 3º D do 25 de Abril, muito ainda está por cumprir. Na verdade, queremos um Portugal mais desenvolvido e rico, onde nenhum menino tenha de andar com os olhos no chão e possa, realmente, ver a luz do Sol que nasceu.
Luís Moura, docente de Português
35. Menino do bairro negro
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há de um dia cantar
Esta canção.
José Afonso
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