Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura
Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura
O 39º poema, Somos livres, de Ermelinda Duarte, é uma canção, de 1974, interpretada pela atriz Ermelinda Duarte, que integrava a peça de teatro Lisboa 72/74, que foi representada no Teatro Estúdio de Lisboa, que, então, ficava na Feira Popular, em Lisboa, e que se tornou, posteriormente, muito popular. Este poema/canção exprime o sentimento de Liberdade vivido depois de um tempo de Ditadura, antes do 25 de Abril, marcado pela opressão, pela tristeza, o sofrimento, em que «fomos a voz sufocada», em que «fomos o povo a chorar». Após a Revolução dos Cravos, tudo mudou e agora «somos livres». Devemos tomar consciência de que esta liberdade custou muito a ser conquistada e que tem de ser constantemente construída por nós todos, para que possamos dizer sempre «Somos livres, somos livres,/não voltaremos atrás.»
Luís Moura, docente de Português
39. Somos livres
Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força, ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.
Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.
Como ela, somos livres,
somos livres de voar.
Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.
Como ela somos livres,
somos livres de crescer.
Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".
Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.
Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.
Ermelinda Duarte
Aqui fica a canção:
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