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O 45º poema, Chamava-se Catarina, é uma canção, de José Afonso, em honra de Catarina Efigénia Sabino Eufémia, uma mulher camponesa, natural de Baleizão, no Alentejo, que foi assassinada a tiro por um tenente da GNR, a 19 de Maio de 1954, durante um protesto/uma greve de 14 trabalhadoras rurais, que reivindicavam melhores salários. Tinha 26 anos, era mãe de três filhos, um deles de oito meses estava ao seu colo quando foi baleada, e estava grávida de um quarto. Esta mulher é uma heroína e tornou-se um símbolo da luta e resistência ao regime fascista e salazarista. O poema/canção recorda esse seu ato heroico e eterniza-o através da poesia/música, para que fique sempre na memória como exemplo e não seja esquecida.
Luís Moura, docente de Português
45. Chamava-se Catarina
Cantar Alentejano (em memória de uma camponesa assassinada)
Chamava-se Catarina,
O Alentejo a viu nascer;
Serranas viram-na em vida,
Baleizão a viu morrer.
Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr;
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou.
Acalma o furor campina,
Que o teu pranto não findou!
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou.
Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si,
O Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti!
Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar;
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás de cantar!
António Vicente Campinas,
Interpretado por José Afonso
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