quarta-feira, 3 de abril de 2024

25 DE ABRIL – 50 ANOS – 50 POEMAS

 
Placard Escola Secundária Lousã; Foto: Luís Moura

Placard Escola Secundária Lousã; Foto: Luís Moura

O 28º poema, Abril de Abril, de Manuel Alegre, constitui mais um exemplo de poesia de intervenção, em que o poeta exprime o seu sentir e pensamento em relação ao que significou Abril, esse «Abril de mão na mão e sem fantasmas/esse Abril em que Abril floriu nas armas», como transmite nos últimos versos.


Luís Moura, docente de Português

 

28. Abril de Abril

 

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.

Manuel Alegre

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