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O 47º poema, Canto Moço, é uma canção, de José Afonso, que foi feita para ser cantada pelos estudantes universitários que o autor conheceu numa digressão para que foi convidado. Destina-se a ser interpretado como música coral por duzentos figurantes de ambos os sexos e de todas as proveniências e condições. O poema exprime bem o espírito aventureiro dos «filhos da madrugada» que lutam pela liberdade, pela justiça, pela Paz, «À procura da manhã clara». O 25 de Abril trouxe-nos essa «manhã clara», a Liberdade há muito esperada. Sejamos estes «filhos da madrugada» e lutemos sempre por um Portugal democrático, livre, aventureiro, sonhador, mantendo sempre acesa «Lá do cimo duma montanha/uma fogueira», «Para não se apagar a chama/Que dá vida na noite inteira».
Luís Moura, docente de Português
47. Canto Moço
Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara
Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha
Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.
José Afonso, in Traz outro amigo também, 1970
Aqui fica a canção interpretada por José Afonso:
Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura
Placard Escola Secundária da Lousã; Foto: Luís Moura
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