A covid-19 chegou em março a
Portugal, e para atrapalhar e atrasar as nossas vidas. Mal sabia eu (e todos)
que o teste de físico-química, na AC3, ia ser a última coisa que ia fazer em
meses, longos meses, para ser sincera. A partir daí foram meses de
confinamento, aulas online, dias deprimentes e com muita vontade de regressar à
escola. Hoje, 6 meses depois, voltámos à escola. Mas agora com
as máscaras, e tudo o que desejamos, é tirá-las e que haja uma vacina para
podermos voltar à normalidade. Uma vacina, teoricamente, é "uma
preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença
particular", mas também é a nossa desejada prenda de Natal.
Para que haja uma vacina segura
e eficaz é preciso passar por três fases. A primeira é a produção da vacina em
si; a segunda é a injeção num pequeno grupo de voluntários, e se tudo correr
como desejado, a terceira é a administração em milhares de pessoas. Se não se
verificarem quaisquer efeitos colaterais, então, aí e depois de ser aprovada,
começa a injeção massiva.
Para uma vacina ser comprovada como
eficaz e segura demora-se em média 10 anos até à vacinação da população. Então isso quer dizer, perguntam
vocês, que em 2031 vamos poder ir todos para a praia, aos molhos, sem máscara e
sem cumprir o distanciamento social, tal como fizemos no ano passado?
Talvez até mais cedo. Na
realidade aponta-se o início da vacinação ainda do decurso deste ano! Mas, não
se entusiasmem! Passo a explicar porquê. Tal como referi uma vacina demora uma
década para estar finalizada. A vacina mais rápida a ser produzida foi a da Ébola
em 2019 e, ainda assim, demorou 4 anos até ser distribuída em massa. A vacina
para a Covid -19, a menos de um ano do início da sua produção, já se aponta
quase como finalizada. Mas como é que isto é possível?
Primeiro, a vacina não está
assim tão adiantada como se fala. Apesar de já se encontrar na terceira fase,
têm surgido algumas doenças em pessoas que foram vacinadas e podem ser possíveis
danos colaterais. Sempre que apareça um suposto dano colateral a vacinação é
pausada para pesquisa e testes clínicos. Tenho a acrescentar que muitos danos
colaterais aparecem décadas depois da administração de uma vacina. Este é um
risco que vamos ter de aceitar, ao ser aprovada uma vacina que nem um ano de
pesquisa possui, quanto mais uma década.
Segundo, a produção da vacina
foi muito rápida, dado que é um jogo político. É parecido à guerra fria, a
América contra a Rússia não para chegar à lua, mas sim para possuir a vacina
salvadora do mundo. Na América, Donald
Trump deseja a vacina antes do fim de outubro que, por acaso, também
coincide com a data das eleições. No nosso pequeno país, à beira mar plantado,
deseja-se o mesmo: Marcelo Rebelo de Sousa aponta o início da vacinação, a
certos grupos de pessoas, no início de 2021, que, também por acaso, coincide
com as eleições presidenciais. Esta corrida à vacina faz com que os países
invistam largos biliões de euros e dólares na pesquisa, na compra de bom
material e na contratação de bons "cérebros" para que, finalmente,
possamos voltar à normalidade.
Para nossa sorte, alguns
cientistas já estavam a produzir uma vacina para a SARS, causada pelo vírus
SARS CoV, que atingiu a China no início do ano 2000, e que é muito parecido ao
SARS CoV-2, o atual vírus causador da Covid-19. Deste modo, a primeira e
segunda fase foram muito rápidas, uma vez que já conheciam as bases e o modo de
proceder. Agora, já só falta a terceira fase, que é a mais complicada.
Mesmo que a vacina chegue a
Portugal em janeiro, não significa que a iremos receber todos. Muito
provavelmente será administrada a pessoas que atuam na "linha da
frente", como médicos e enfermeiros. Ainda assim, um dia será a nossa vez,
mas não sei se irei querer recebê-la. Como sempre ouvi dizer a "pressa é
inimiga da perfeição", e como já referi em menos de um ano é impossível
conhecerem-se os efeitos colaterais, que se podem vir a manifestar daqui a umas
décadas.
Beatriz Lourenço (11º C)